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O que é peregrinar?

Peregrinar é uma forma de procurar, de avançar, de olhar o horizonte essa linha onde a Terra e o Céu se tocam. Peregrinar é empreender uma viagem. É também uma forma de olhar para dentro.

A peregrinação é algo quase tão antigo quanto a própria humanidade, a busca por um local especial, simbólico ou não, que representa a busca de um sentido maior para o homem. Normalmente associada a motivação religiosa, mesmo em contexto pagão: um santuário, o local onde um santo nasceu ou morreu; Finisterra é um desses exemplos mais antigos, que acabou por ser ofuscado pela peregrinação a Santiago de Compostela, mas a romagem ao “fim da terra” para ver o sol morrer e ressuscitar no outro dia no oriente, perde-se nos anais da história. De resto ainda hoje é possível encontrar pessoas que lá se deslocam para contemplar o pôr-do-sol. Embora neste caso concreto a esmagadora maioria das pessoas que ali acorre a pé, cavalo ou bicicleta, o faz como complemento da viagem até Santiago.

E é justamente a viagem que é importante na peregrinação. Em abono da verdade o verdadeiro sentido de uma peregrinação não é o percurso geográfico do ponto A para o B; não depende da simbologia ou da importância que o destino final tem. A peregrinação é um caminho sim, no sentido em que, quem o faz, se torna peregrino e não volta igual. Esse crescimento não depende do destino, nem depende exclusivamente da forma (logística) como é feita.

Hoje em dia há um grande crescimento na afluência sobretudo a Santiago de Compostela, há imensos “peregrinos” que discutem o que é verdadeiramente peregrinar. Discussões como qual a forma mais válida: a pé, a cavalo, de bicicleta.... com equipa de apoio, ou em autonomia; se é preciso “sofrer o caminho” para ser verdadeiramente peregrinação. Obviamente que tudo isto tem a sua importância. E ninguém ficará indiferente à paisagem do Caminho Francês, o que naturalmente ajuda o objetivo. Mas será o mais importante?

A peregrinação está mais para um retiro espiritual. No qual, quem se propõe peregrinar, deixa temporariamente a sua vida quotidiana, tarefas, rotinas, (internet, televisão, telemóvel até) para encontrar tempo (tempo de qualidade) e sobretudo disponibilidade de coração, para o encontro com Deus.

Neste sentido, propor-se a um caminho longo (não necessariamente extremamente difícil) é uma mais-valia. Neste tempo, com o propósito certo, tudo acaba por ser relevante: o fazer da mochila, escolher o que é essencial para a viagem e deixar o supérfluo; o caminhar/pedalar/cavalgar lado a lado com o mesmo grupo de pessoas com quem se partilham as dificuldades, o cansaço, mas também as muitas alegrias e surpresas do caminho. Tudo isso abre um “espaço” no peregrino. Uma disponibilidade e um estado diferente da correria do nosso dia-a-dia. É nesse espaço que é possível encontrar Deus. É aí que é possível a oração e a revisão de vida. São esses os frutos da peregrinação: encontro com Deus e encontro connosco. Com o extra da camaradagem, das novas pessoas que se conhecem, das paisagens e da aventura que representa.

P. Patrício Oliveira

Fazer uma Peregrinação não é apenas fazer uma caminhada… tem sempre algumas dimensões fundamentais:

Dimensão escatológica

Momento e parábola do caminho para o Reino (a vida, como o caminho, percorre-se em direção a uma meta que agora é um santuário, mas no final será o Santuário da eternidade em Deus)

Dimensão penitencial

Caminho de conversão (as dificuldades e o vencer dos obstáculos, o esforço pessoal e, por vezes, doloroso, que fazem compreender que também na vida é preciso este esforço para vencer a tentação, os vícios, o pecado)

Dimensão cultural

A peregrinação é essencialmente um ato de culto, participação nas celebrações litúrgicas e manifestações de piedade popular (por isso o desafio não só a caminhar fisicamente, mas também espiritualmente, a viver bem os tempos de reflexão, oração e partilha)

Dimensão festiva

Alegria, convivência, amizade, espontaneidade (que fazem parte do caminho, como da vida, porque também o encontro com Deus é sempre festivo)

Dimensão apostólica

É anúncio de fé e os peregrinos tornam-se pregoeiros itinerantes de Cristo (a sua presença é um testemunho junto dos outros, e a suas atitudes o primeiro anúncio);

Dimensão de comunhão

Com os companheiros da «santa viagem», mas também com o próprio Senhor que caminha com o peregrino, com a comunidade de origem, com todos os que oraram no santuário, com a natureza, com a humanidade inteira.

Breve História da Mensagem de Fátima

A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos.

Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco.

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria. A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.

Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a “Senhora do Rosário” e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917.

Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência.

Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia-a-dia, num montante anual de cinco milhões.


Síntese da Mensagem

A Mensagem de Fátima é um convite e uma escola de salvação. Foi iniciada pelo Anjo da Paz (1916) e completada por Nossa Senhora (1917). Foi vivida de maneira histórica pelos Três Pastorinhos – Lúcia, Francisco e Jacinta.

A mensagem de Fátima sublinha os seguintes pontos:

  • a conversão permanente;
  • a oração e nomeadamente o rosário;
  • o sentido da responsabilidade coletiva e a prática da reparação.

A aceitação desta mensagem traz consigo a Consagração ao Coração Imaculado de Maria, que é símbolo de um compromisso de fidelidade e de apostolado. As orações ensinadas em Fátima pelo Anjo e Nossa Senhora ajudam a viver a Mensagem, que, como disse João Paulo II, em Fátima em 1982, é a conversão e a vivência na graça de Deus.

Marcos

Aqui vais encontrar várias propostas para viver durante o caminho que te leva até Fátima. Sugerem-se quatro marcos – quatro dimensões essenciais da Mensagem de Fátima: oração, sacrifícios, conversão e misericórdia.

Em cada um destes marcos há três trilhos – três formas de abordar o mesmo marco, a partir de diferentes momentos do acontecimento de Fátima. Podes preparar a tua peregrinação passando por todos os marcos, com um ou mais trilhos de cada marco, ou optar apenas por alguns ou algum deles. Depois de cada texto, um conjunto de questões são uma forma de refletir pessoalmente sobre a Mensagem de Fátima, e podem ser o ponto de partida para momentos de reflexão e partilha em grupo.

Podes ir mais além, aprofundando o tema de cada trilho com a ajuda dos textos bíblicos e dos outros textos de aprofundamento sugeridos. Há também algumas sugestões de atividades que poderás preparar, sobretudo quando a tua peregrinação é feita em grupo. Algumas são mais simples e não precisam de materiais de apoio. Outras será necessário prepará-las antes de sair de casa. No entanto, estas atividades não devem nunca desviar do essencial: a descoberta da Mensagem de Fátima e fazer deste um caminho para Maria e, por ela, para Deus.

Marco

Oração

Na sua primeira aparição, o Anjo apresenta-se com um convite à adoração a Deus. De joelhos, curvado até ao chão, convida as três crianças à adoração que transforma a fé em esperança e amor: «Meu Deus eu creio, adoro, espero e amo-vos…» Este espírito de adoração na fé, que se abre em espírito reparador na esperança e no amor, é concretizado na oração que o Anjo ensina aos pastorinhos na sua última aparição: «Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-vos profundamente…» Fátima recorda a centralidade da adoração, enquanto disposição interior que nos situa diante de Deus, mistério de graça e misericórdia. A Senhora do Rosário não se cansará depois de pedir aos pastorinhos que «rezem o terço todos os dias». A oração do rosário centra-nos numa promessa definitiva do triunfo da misericórdia que a vida de Cristo, evocada nos mistérios do terço, veio inaugurar. Pedido em todas as aparições de Nossa Senhora, o terço é a oração aprendida na escola de Maria que nos educa na humildade da fé. Meditar os mistérios da vida de Cristo, ao jeito de Maria, é deixar-se moldar pela presença de Deus, tal como ela o fez.

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Marco

Sacrifício

O sacrifício é, no contexto da mensagem de Fátima, expressão de amor a Deus e ao próximo, ao jeito do evangelho, onde a expressão extrema do amor de Deus se traduz no sacrifício de Cristo. Como reconhece a Irmã Lúcia, «no decorrer de toda a Mensagem, a começar pelas aparições do Anjo, encontramos um apelo à oração e ao sacrifício oferecido a Deus por amor e pela conversão dos pecadores». O amor é a razão única do sacrifício. A mensagem de Fátima reconhece, com todo o realismo, que o sacrifício é uma exigência do amor, à qual o amante não se pode furtar.

Se, por um lado, o sacrifício é o processo de aceitação na verdade de tudo quanto constrói a minha vida – e, por isso, o Anjo pedia aos pastorinhos que aceitassem sobretudo «o sofrimento que o Senhor vos enviar» –, por outro, é também participação no mistério redentor de Cristo, na sua missão de reunir a todos no redil do Pai, não abandonando o outro na solidão da sua culpa – e, por isso, Maria desafia os pastorinhos a que se sacrifiquem pela conversão dos pecadores.

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Marco

Conversão

O drama da história humana tocada pelo pecado é apresentado com uma lucidez viva na mensagem de Fátima. O drama do pecado é ali profeticamente denunciado, traduzido nas visões do inferno e da cidade em ruínas e nas inúmeras referências aos pecadores, sobre quem recai a atenção da misericórdia de Deus. O pecado transparece como génese da tragédia humana, face à qual surge a urgência da conversão. Do fundo do desamor, a conversão é adesão ao amor de Deus. O apelo à conversão é nuclear na mensagem de Fátima e evoca o drama da redenção.

A dimensão pessoal da conversão é central na mensagem de Fátima. E, no entanto, o apelo à conversão feito em Fátima não se esgota na sua dimensão pessoal: ele é também convocação ao dom de si pela conversão dos outros e pela conversão dos dinamismos da história, na certeza de que a comunidade dos crentes, no discipulado de Cristo, tem um ministério de conversão. Logo na primeira oração do Anjo, o drama do mal está presente: «Peço-vos perdão para os que não creem, não adoram, não esperam e não vos amam.» Os sacrifícios pela conversão dos pecadores serão expressão da oferta sacrificial que os pastorinhos fazem de si mesmos em prol dos demais.

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Marco

Misericórdia

A compaixão faz-se acontecimento em Fátima. A epifania que ali se dá brota do olhar compassivo de um Deus contristado com o drama da história dos homens, com os seus sofrimentos e desencontros, com as suas trincheiras e egoísmos. Fátima irrompe, no início do século XX, como eco do evangelho, da boa notícia da misericórdia, palavra transformadora da história, testemunho profético de um outro jeito de ser, revelação da compaixão de Deus pela humanidade sofrida. Já o Anjo evocara este «coração misericordioso que das alturas nos visita como sol nascente» (Lc 1,78) ao afirmar que «os Corações de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia». A fechar o acontecimento-Fátima, estão as duas palavras que ilustram a visão de Tuy – «Graça e Misericórdia» – e que servem de pórtico de entrada no mistério trinitário de Deus, no mistério de Deus-comunhão-de-amor que vem ao encontro do drama sofrido da história dos homens. Num mundo sedento de vida plena, mas desencontrado da sua nascente e apostado em construir «cisternas para si, cisternas rotas, que não podem conter as águas» (Jer 2,13), é a própria nascente que vai ao encontro de quem tem sede. Porque o Reino de Deus faz-se da proximidade de um pastor que deixa tudo à procura da ovelha perdida (Lc 15,3-7).

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Percursos


Com partida em Valado dos Frades este desafiante percurso leva-nos até ao santuário de Nossa Senhora da Luz. As verdadeiras dificuldades começam em Porto de Mós, um trilho exigente e cansativo surpreende os peregrinos com paisagens avassaladoras. Entre vários pontos de interesse, a Pia do Urso aparece como um local aprazível para um merecido descanso e retempero de forças para a aproximação final a Fátima.

Distância: aprox. 43Km